terça-feira, 12 de julho de 2011

Projeto Ágora


Como havia dito no post fantasma que escrevi antes e que tive que apagá-lo, este semestre foi muito interessante profissionalmente. Das partes boas que aconteceram, preciso mencionar o “Projeto Ágora”. Os frutos deste empreendimento ainda não renderam, até mesmo porque ainda está em sua fase embrionária. Ainda estamos fazendo testes que vão desde o formato do programa até o nível de aceitação do público.
Em síntese o “Projeto Ágora” se constitui num grupo de amigos e parceiros profissionais que se encontram uma vez por semana em minha casa para debater assuntos gerais, transmitindo estes diálogos via “twittcam”. A ideia não é em si original, mas o formato que pretendemos o é. A cada semana imprimimos temas variados e buscamos reflexões que fogem do rigor didático de uma sala de aula, mas que prima pela descontração, informalidade, sem perder o conhecimento de causa. Em alguns, somos felizes nas colocações, em outros, somos apenas nós mesmos opinando sobre assuntos que nos despertam a reflexão, mesmo que espontaneamente. Há ainda um momento no programa que damos o nome de “index”, e neste, procuramos ofertar indicações de livros, filmes, documentários, sites e blogs que incrementam nosso debate ou que julgamos relevantes para o arcabouço cultural de quem nos assistem.
Um fato curioso que sondou este início de projeto foi o nosso público-alvo. A princípio e naturalmente, ele se constituiria de nossos alunos. Somando, seríamos mais de doze colégios envolvidos no empreendimento e a expectativa de que teríamos muitos “views” era enorme... E não deu outra: no primeiro programa tivemos um pico de mais de 700 acessos, que por falhas técnicas se estabilizou na casa dos 500. Esta média se manteve pelos dois programas seguidos, reduzindo significativamente nos dois últimos. Procurei, neste ínterim, verificar as causas. Das mais variadas justificativas que encontramos, uma foi reveladora: grande parte dos que nos assistiam esperavam que fizéssemos uma linha de “stand up comedy”. Julgaram muito “sério” o programa e até “pesado” o tipo de reflexões que fazíamos. Muitos alegaram que o programa não tinha a “diversão” que possuía as minhas aulas diurnas; outros alegaram que não conseguiam acompanhar bem o tipo de discussão que empreendíamos e outros simplesmente disseram que não era o que esperavam que fosse. No entanto, outro dado nos surpreendeu: uma parte significativa de nossos últimos views era representada por ex-alunos nossos, por professores e por pessoas que foram indicadas por outros para assistirem, inclusive de fora do Estado... Tudo isso vem nos levando a repensar o formato do programa. É claro que precisamos ainda melhorar em muita coisa, seja na dinâmica das falas, no propiciar de maiores intervenções de quem nos assiste, na seleção dos temas, na captação de áudio/vídeo, na iluminação, nos mecanismos de divulgação, etc. Temos clareza disso e estamos repensando uma série de coisas. No entanto, o nosso maior desafio hoje vem sendo em decidirmos qual deverá ser o nosso foco: se serão público inicial ou se vamos desenvolver o programa pensando nesta quantidade de views atuais que tivemos e no tipo de público que acabou por se configurar.
Muitas propostas estão se desenhando para o próximo semestre. Já há uma expectativa de realizarmos uma versão do programa na Pizzaria Pirineus – que é uma apoiadora do projeto. Realizaríamos um debate ao vivo, onde nosso público poderia interagir mais enquanto desfruta de um rodízio oferecido pela casa. Outra proposta é uma específica que estamos configurando junto com o Kaizen Centro de Ensino. Nesta, o foco realmente são nossos atuais alunos e o formato obedecerá a uma estrutura mais objetiva de aulas. Optamos por esta parceria com o Kaizen, justamente por não se tratar de nenhuma escola específica; não vindo, portanto, a comprometer nosso projeto e nem o público cativo de outras escolas.
Independente da continuidade ou não deste projeto, uma coisa ficou clara para mim: a educação é possível de ser feita para além dos muros da escola. A internet se configura com uma ferramenta ilimitada de transmissão de conhecimento, de fomento de criticidade, de quebra e redimensionamento de paradigmas. Mesmo que o “Projeto Ágora” não obtenha o sucesso comercial que esperamos, uma coisa é certa: divertimo-nos bastante, estreitamos amizades, comemos bem, e acima de tudo, levamos um tipo/nível de reflexão que por vezes somos tolhidos no cotidiano profissional, seja pela obtusidade do vestibular, seja pelo patrulhamento ideológico do politicamente correto que empasta a sociedade burguês-conservadora que vivemos.
Abaixo, coloco os links dos programas que foram editados neste mês de junho. Infelizmente, só pudemos registrar três destes, mas já dá para terem um contato com nosso trabalho – que se tudo der certo, será bem mais prolífico neste próximo semestre, como é de nosso intento.




Att.
Prof. Diego A. Moraes

2 comentários:

  1. Vou torcer para o projeto continuar, gostei muito dos debates e ainda matei a saudades de suas aulas ;)

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  2. Obrigado pela força, Ana. Com certeza, o projeto tem tudo para continuar, independente do retorno financeiro. Afinal, nos divertimos bastante com ele! :)

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