segunda-feira, 11 de julho de 2011

(Re)iniciando


Estou de volta ao blog. Quando criei este, pensava que conseguiria manter um post por semana, mas logo na primeira escrita decidi por fazer deste um exercício de férias. Até mesmo porque, passado alguns acontecimentos, teria uma condição melhor de avaliar os fatos e decidir se são ou não relevantes para se tornarem públicos. Bem... aqui estamos nós...
Muita coisa aconteceu neste semestre. Ouso dizer que foi o mais intenso emocionalmente em toda minha vida e olha que já passei por separação de pais, falência financeira familiar, demissões, término de outros relacionamentos. Por razões específicas este se configurou como o que mais mexeu com toda minha estrutura existencial. Coloquei valores na lona, amores em suspenso, olhares em horizontes distintos... No entanto, o rearranjo disto tudo teve um nome: terapia.
Sempre tive vontade de mergulhar mais fundo em meus temores, angústias, complexos, medos e sentimentos. Fazer terapia sempre foi uma alternativa viável e desejável por mim. No entanto, sempre me vi com outras prioridades, uma vez que um bom terapeuta custar muito caro. Porém, me vi na necessidade de buscar um ou corria o risco de “entrar em parafuso”, como diria minha mãe. A opção foi por uma linha de tratamento coincidentemente próxima filosoficamente do que estudei no mestrado em filosofia:  “Gestalt”  
Logo na primeira sessão, me vi diante de uma realidade drástica: podemos ser inteligentes, articulados, bem sucedidos, etc., porém, no fundo somos analfabetos sentimentais, manipuladores e grande parte do que apresentamos aos outros tratam-se apenas de múltiplos personagens que criamos para viver nesta selvageria chamada mundo. Viver a “autenticidade”, reencontrar o “eu”, desvencilhar das “mascaras” trata-se de um dos maiores desafios do processo terapêutico, consequentemente os mais dolorosos.  
Venho tendo sessões semanais de terapia. Aquele velho clichê do psicólogo sentado numa poltrona, uma meia luz na sala e você estendido num divã aveludado em posição de fragilidade faz todo sentido. Uma coisa é você ver isto em filmes, tiras ou pela descrição de alguns. Outra coisa bem diferente é estar naquela condição, disposto a enfrentar o seu pior inimigo: você mesmo.  Para mim está sendo muito difícil certas sessões. Com o passar dos anos acabei criando uma couraça muito forte chamada “razão”.  Diversas circunstâncias me levaram a isto, embora eu seja o responsável por este traço de personalidade. Desde muito cedo, me vi na necessidade de superar diversas limitações que possuía ao mesmo tempo em que sentia a necessidade de mascarar várias outras. O resultado disto tudo é que acabo sempre vendo as coisas por um sentido extremamente pragmático, objetivo, lógico, desconsiderando sentimentos, emoções, impulsos e desejos. A consequência deste resultado, em longo prazo, nem sempre vem acarretado de tranquilidade e ‘soluções’, antes, me vejo ao final de cada processo muito mais fragilizado do que se tivesse explodido e colocado tudo para fora, do que se não tivesse pensado tanto, articulado tanto e simplesmente vivido, nem que depois isto se mostrasse um erro.  O grande desafio do meu processo terapêutico está sendo equilibrar estas dimensões, sabendo usar cada instância em seus momentos apropriados ou sabendo conjugar ambas. Não posso ser somente emoções e sentimentos, mas também não posso levar a vida como se esta fosse um sistema binário. Esta aí uma equação difícil de ser resolvida...
Recentemente estou de férias da terapia, assim como estou do trabalho. Está sendo um momento de colocar em prática as resoluções que foram construídas neste processo ao longo do semestre. Confesso que não está sendo nada fácil. Abrir mão daquilo que é caro sentimentalmente estraçalha qualquer couraça psicológica. Desenvolver novos afetos não é uma tarefa tão fácil e coloca muitos mestrados e doutorados no bolso, tamanho o seu desafio. (Re)construir relações, se reposicionar frente ao mercado de trabalho são tarefas que exigem muito de nós e a possibilidade de tudo dar errado frente às nossas inabilidades são imensas.  Mas enfim, fiz determinadas escolhas e devo seguir em frente. Não sei se conseguirei romper com tudo o que é urgente, encaixar tudo o que necessita ser, resolver tudo o que espera e comtemplar tudo o que desejo. Mas preciso tentar... E isto é algo que não posso mais me furtar emocionalmente e racionalmente. 

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